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Militância, e expressão cultural do Hip-Hop nas redes sociais digitais

O movimento como a voz das periferias alicerçado em suas raízes e produto de comercialização do Rap, modismo e exploração cultural.


O avanço tecnológico da internet possibilitou que toda pessoa tivesse acesso a informações de seus interesses, mas também deu voz e vez para que toda pessoa produzisse tais informações antes limitadas a um pequeno grupo. As redes sociais digitais são umas das ferramentas mais utilizadas atualmente para o compartilhamento de informações que englobam todos os possíveis assuntos do universo. A música, o cinema, as artes plásticas, a moda, a ciência, a religião, o infantil e o adulto estão a sua disposição na palma da sua mão, num clique.
O movimento Hip-Hop não ficou de fora dessas plataformas digitais, e vem ganhando grande visibilidade através de perfis, sites, blogs, comunidades e grupos que contam a história do movimento, comentam e divulgam ações ligadas a esta vertente cultural. É sabido por nós que durante muito tempo o Hip-Hop foi olhado com desprezo por estar diretamente ligado à população periférica, preta e por esse e outros motivos foi julgado como movimento de “vagabundo”. A comercialização dos produtos advindos do Hip-Hop passou por grandes avanços nos últimos anos e hoje já é possível ver pretos e brancos, periféricos ou não dividindo espaços onde estão: o som do rap, o grafite, a poesia, o skate e a moda que os caracterizam.

Canais de Hip-Hop no Youtube.
Na década de 80 aqui no Brasil eram raras as rádios, revistas, programas de TV que se dedicavam a divulgar os artistas do movimento Hip-Hop. Porém, hoje em dia são vastas as plataformas onde pode-se mergulhar e conhecer melhor este universo. No Youtube, por exemplo, existem muitos canais que exploram assuntos ligados ao rap, dentre os mais acessados estão: Meia horinha, Segura o B.O, OI’Darth Bástard, Rap Box, Falatuzetre, RapTV, Documentários e vídeos raros do Rap Nacional, Raplogia, Ronald Rios, 1Dasul e Clássicos do Rap Nacional. Neles é possível encontrar discografias, entrevistas e documentários com artistas consagrados e da nova geração, humor misturado com Rap, clipes e entretenimento, dicas da moda urbana, reação e analise de conteúdos, shows exclusivos, games e literatura.

Dentre outros canais que tratam de outros assuntos específicos, mas que carregam a militância do Movimento Hip-Hop está o: Estaremos lá, onde quatro meninas, Stella, Caroline, Samantha e Beatriz discutem situações enfrentadas pela população preta, para serem reconhecidas na sua condição de Seres Humanos e de expressar suas manifestações culturais em todo e qualquer lugar sem intervenções. De acordo com Karen Caroline de Jesus Nascimento, seguidora de alguns dos canais supracitados, os youtubers têm sido símbolo da resistência do movimento e é a renovação do grito antes ecoado no Bronx (Bairro do Sul de Nova York onde surgiu o movimento cultural Hip-Hop). Ela acredita que estas plataformas são espaços de socialização e aprendizagem já que as artes da poesia, pintura, melodia e outros se misturam no sentido de expressar alguns sentimentos e ideais.

Para Karen é necessário que o movimento ganhe visibilidade em Instituições Educacionais a fim de implementar o discurso anti-racista que exclui e mata. “Se nas nossas escolas nos fosse ensinado que isso também é cultura, talvez aprenderíamos a consumir produtos que estão ligados a nossa identidade étnico-racial além de exaltá-la ao invés de marginalizá-la como fizemos por anos.” Além de opinar sobre a influência cultural do Hip-Hop Karen fala da preocupação que tem com relação ao distanciamento do movimento das razões que os fizeram surgir. Ela acredita que as grandes mídias tem feito muita gente se unir ao Rap não por acreditar ele seja a voz das periferias e sim como mais uma forma de explorar o conteúdo musical com o intuito financeiro. Ela conclui parafraseando uma versão que ela criou em cima do “Samba da benção “  de Vinicius de Moraes: Porque o Rap nasceu na periferia, e se hoje ele é branco na poesia ele é negro demais no coração.

Samantha Cristina, Beatrice Oliveira, Carol Silvano, Stella Yeshua. Youtubers do Canal Estaremos Lá. (Foto da Internet). 

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