Militância, e expressão cultural do Hip-Hop nas redes sociais digitais
O movimento como a voz das periferias alicerçado em suas raízes e produto de comercialização do Rap, modismo e exploração cultural.
O avanço tecnológico da internet
possibilitou que toda pessoa tivesse acesso a informações de seus interesses,
mas também deu voz e vez para que toda pessoa produzisse tais informações antes
limitadas a um pequeno grupo. As redes sociais digitais são umas das
ferramentas mais utilizadas atualmente para o compartilhamento de informações
que englobam todos os possíveis assuntos do universo. A música, o cinema, as
artes plásticas, a moda, a ciência, a religião, o infantil e o adulto estão a
sua disposição na palma da sua mão, num clique.
O movimento Hip-Hop não ficou de
fora dessas plataformas digitais, e vem ganhando grande visibilidade através de
perfis, sites, blogs, comunidades e grupos que contam a história do movimento,
comentam e divulgam ações ligadas a esta vertente cultural. É sabido por nós
que durante muito tempo o Hip-Hop foi olhado com desprezo por estar diretamente
ligado à população periférica, preta e por esse e outros motivos foi julgado
como movimento de “vagabundo”. A comercialização dos produtos advindos do
Hip-Hop passou por grandes avanços nos últimos anos e hoje já é possível ver
pretos e brancos, periféricos ou não dividindo espaços onde estão: o som do rap,
o grafite, a poesia, o skate e a moda que os caracterizam.
| Canais de Hip-Hop no Youtube. |
Dentre outros canais que tratam
de outros assuntos específicos, mas que carregam a militância do Movimento
Hip-Hop está o: Estaremos lá, onde quatro meninas, Stella, Caroline, Samantha e
Beatriz discutem situações enfrentadas pela população preta, para serem
reconhecidas na sua condição de Seres Humanos e de expressar suas manifestações
culturais em todo e qualquer lugar sem intervenções. De acordo com Karen
Caroline de Jesus Nascimento, seguidora de alguns dos canais supracitados, os youtubers
têm sido símbolo da resistência do movimento e é a renovação do grito antes
ecoado no Bronx (Bairro do Sul de Nova York onde surgiu o movimento cultural
Hip-Hop). Ela acredita que estas plataformas são espaços de socialização e
aprendizagem já que as artes da poesia, pintura, melodia e outros se misturam
no sentido de expressar alguns sentimentos e ideais.
Para Karen é necessário que o
movimento ganhe visibilidade em Instituições Educacionais a fim de implementar
o discurso anti-racista que exclui e mata. “Se nas nossas escolas nos fosse
ensinado que isso também é cultura, talvez aprenderíamos a consumir produtos que
estão ligados a nossa identidade étnico-racial além de exaltá-la ao invés de
marginalizá-la como fizemos por anos.” Além de opinar sobre a influência
cultural do Hip-Hop Karen fala da preocupação que tem com relação ao
distanciamento do movimento das razões que os fizeram surgir. Ela acredita que
as grandes mídias tem feito muita gente se unir ao Rap não por acreditar ele
seja a voz das periferias e sim como mais uma forma de explorar o conteúdo
musical com o intuito financeiro. Ela conclui parafraseando uma versão que ela
criou em cima do “Samba da benção “ de
Vinicius de Moraes: Porque o Rap nasceu na periferia, e se hoje ele é branco na
poesia ele é negro demais no coração.
Samantha Cristina, Beatrice Oliveira, Carol Silvano, Stella Yeshua. Youtubers do Canal Estaremos Lá. (Foto da Internet).

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