HIP HOP como manifestação popular.
Criado
nos anos 70, o manifesto surgiu como um grito de visibilidade das comunidades
periféricas.
Atualmente entende-se como cultura Hip Hop um
estilo de vida em que o indivíduo se afirma como sujeito social, valorizando
sua identidade cultural e ocupando espaços públicos. Ele utiliza-se da arte
como forma de protesto social, misturando o novo e antigo, o popular e o
erudito, a poesia e a paródia. Trata-se da arte de rua que acabou conquistando
o mundo.
Esse manifesto cultural se baseia em cinco
pilares que são: O DJ operador de discos, que faz bases e colagens rítmicas, o
Rap, discurso rítmico com rimas e poesias, o MC, porta-voz que relata, através
de articulações de rimas as problemáticas e experiências em geral dos guetos, o
Break Dance, dança de rua criada nos subúrbios americanos que a princípio
possuíam o intuito de acompanhar as
batidas criadas pelos DJ’s, e o Grafite, arte de rua em que o artista aproveita
os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na
cidade.
(Foto de pôsters do rapper Sabotage por Virgínia Ferreira)
Surgiu como música e movimento cultural no
início da década de 70 quando as “block parties”, festas de ruas em bairros
eram feitas pela população negra e latina como forma de diversão e reunião dos
moradores, ganharam visibilidade na região do Bronx, em Nova Iorque.
Atualmente existe a lei 5.472/2010 no Rio de
Janeiro que afirma o hip hop como movimento cultural de cunho popular,
proibindo qualquer tipo de discriminação ou preconceito social, racial, ou
seja, os artistas deste estilo passam a serem enxergados como agentes da
cultura popular e recebem o mesmo tratamento que os artistas de samba.
Essa não é a primeira lei voltada a esse
gênero: em 2011 o deputado Maurício Rands PT/PE deu início a um projeto de lei
3/2011 com o intuito de tornar nacional a lei já existente no Rio de Janeiro
além de outras providências voltadas para esse segmento, porém após seis anos
que o projeto foi pensado, ele continua esperando pela apreciação conclusiva
das comissões segundo o site da Câmara dos deputados.
Segundo Gideon Soares da Silva, MC militante da
causa que atualmente trabalha com o rap voltado para a vertente gospel, desde
1995 leis como essas tentam ser pautadas no congresso, mas enfrentam bastante
resistência. Ele mesmo já se colocou contra, pois segundo a sua visão é uma
forma de descaracterizar o gênero, já que ao se tornar algo muito popular, ele
automaticamente pode ser manipulado por várias pessoas. “Eu sou totalmente
contra, eu acho que tem que ficar como tá, não acho viável que isso aconteça
porque até hoje o hip hop sobreviveu sem a ajuda de nada, sem precisar aparecer
em nada e não é agora que a gente vai precisar.”, afirma.
Contudo, muitos afirmam que o manifesto perdeu
sua identidade e tornou-se comercial. Artistas viraram reféns da indústria
fonográfica e alguns fãs reclamam do que vem se tornando o movimento. Na visão
de Eduardo Costa, jovem de 24 anos amante de Rap e frequentador dos shows, isso
não é algo ruim. “Continuam existindo manifestos políticos dentro da música,
mas com menos intensidade e uma nova onda menos engajada vem crescendo, focando
mais na melodia e no jeito de cantar do que propriamente na letra, isso não é
exatamente um problema, mas fez sim com que o manifesto perdesse a força e o
movimento tem se tornado muito mais jovem do que político.”, concluí.
Na
visão do estudante de jornalismo Gabriel Oda que é amante de rap, o gênero
continua com sua essência, isso vai depender do artista que cada indivíduo
escuta, mas de qualquer forma não existe nada de errado na abordagem de
assuntos não políticos na arte, ou seja, não existe problema algum em querer
ganhar dinheiro com ela. “Os caras
precisam vender a arte. Citando o próprio Mano Brown, o rap precisa parar de
ter um pensamento de ONG e ter mais um pensamento de empresa privada. Não
existe nada de errado em querer ganhar dinheiro com a sua arte. Você fechar e
rotular todo o movimento do rap brasileiro como comercial, acho errado, acho
feio.”, afirma.
Já
Farley dos Santos, MC e dono de uma loja voltada para o segmento hip hop
conclui que o movimento se perdeu um pouco principalmente com a elitização do
rap. “A ideia do rap era fazer com o que
o pessoal das comunidades mesmo, a minoria se sentisse representada de alguma
forma, isso acabou se perdendo um pouco com essa elitização do rap, essa
comercialização. Hoje ele toca na rádio, dá dinheiro e o que vende é comercial
mesmo, são ideias fúteis que acabam vendendo.”
Por fim artigos voltados para o estudo do
movimento no Brasil, apontam que o Rap, um dos pilares do Hip Hop, soube muito
bem entrar em cena juntamente com a ascensão da classe C nas últimas décadas,
porém tornou-se refém da indústria, ou seja, caracteriza-se pelas produções
audiovisuais de alto investimento e pelo tratamento musical de peso. Como foi
reforçado anteriormente, a questão política ainda existe, mas diante da
globalização, a prioridade é torná-lo mais comercial principalmente entre os
jovens, quesito que tem dado muito certo nos dias atuais.
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